MACACO-PREGO
SAPAJUS NIGRITUS

Peso2-4 kg
Tamanho40-55 cm
Habitatocorre na Mata Atlântica nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais
Longevidade40 a 50 anos
Número de filhotes1 a cada dois ou três anos
Alimentofolhas, frutos, sementes, castanhas, flores, palmitos, ovos, artrópodes, aves e pequenos mamíferos
Curiosidadesão importantes dispersoras de sementes, de grande importância para a dispersão de frutos e sementes grandes

são animais de grande inteligência, capazes de utilizar ferramentas na sua busca por alimento

Os macacos-pregos são primatas primariamente arborícolas, que vivem em grupos de 10 a 30 animais. São animais de hábitos diurnos, que se locomovem por grandes distâncias todos os dias na busca por alimento. O habitat natural deles são as florestas, mas eles são altamente adaptáveis, vivendo em praticamente todos os habitats e tipos de vegetação na sua área de distribuição geográfica. É uma espécie endêmica do Brasil, que pode ser encontrada na Mata Atlântica dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais.

Os macacos-pregos são onívoros, mas eles se alimentam principalmente de frutos. Da sua dieta, além dos frutos, fazem parte sementes, folhas, flores, castanhas, palmitos, ovos, artrópodes, pequenos mamíferos, aranhas, insetos e invertebrados. Na busca por alimento, eles mostram grande inteligência, fazendo inclusive uso de ferramentas. Já foram vistos utilizando pedras como martelo para abrir coquinhos de palmeiras ou usando galhos na busca por invertebrados.

Pode-se observar a sua incrível astúcia e versatilidade nos períodos de escassez de alimentos e água. Na estação seca, eles buscam suprir sua demanda por água com folhas suculentas de bromélias, palmitos e ovos. Mas o mais interessante é que eles utilizam o seu rabo para acessar a água em cavidades ou rachaduras estreitas em árvores ou pedras. Simplesmente deixam o rabo na cavidade até ele molhar, para logo em seguida poder lamber o pelo molhado.

No inverno, época natural de escassez de água e alimento, acabam muitas vezes sofrendo muito com agressões humanas, por se aproximarem de áreas residenciais, sendo considerados destruidores de palmeiras ou predadores de passarinhos e ovos. Muitas pessoas não compreendem que eles são forçados a recorrer a esses recursos, porque o ser humano retirou das florestas as espécies que serviriam para alimentá-los nessa época, como, por exemplo, a palmeira juçara, que produz frutos altamente nutritivos no inverno. 

Os macacos-pregos certamente não merecem essas agressões injustas, ainda mais por exercerem funções ecológicas importantíssimas para a conservação dos ecosistemas e de inúmeras espécies animais e vegetais. E, na verdade, esses conflitos poderiam ser facilmente evitados com o plantio direcionado de árvores, arbustos e palmeiras que frutificam nessa época de escassez natural.

Entre os frutos preferidos dos macacos pregos, estão as anonas (araticuns), os frutos de embaúbas e canelas, figos, ingás, araçás, bromélias, maracujás, todos os tipos de frutos grandes e suculentos e, principalmente, frutos e palmitos de palmeiras.



OS FRUTOS PREFERIDOS DOS MACACOS-PREGO:  FEIJÔAS | FRUTO-DE-JERIVÁ | ARAÇÁ-ROXO | JATOBÁ | INGÁ-CIPÓ


Outro fato curioso, que demonstra sua alta inteligência, é o fato de os macacos-pregos passarem frutos, cascas ou outras partes de plantas no pelo para repelir insetos. Nos jardins zoológicos da Europa, por exemplo, eles foram observados passando cascas de cítricos e cebolas no pelo, ambas espécies consideradas repelentes naturais.

Costumam escolher árvores muito altas ou palmeiras como local para dormir ou descansar,  dando preferência àquelas localizadas em encostas íngremes. Preferem espécies arbóreas com galhos horizontais e largos. As espécies utilizadas como local de dormir são Copaifera langsdorffii, Attalea dubia, Pterocarpus rohrii, Micropholis crassipedicillata , Cedrela fissilis, Alchornea triplinervia, Micropholis crassipedicilata, Ocotea catharinensis, Hyeronima alchorneoides, Pouteria bullata, Pouteria torta, Parinari excelsea e Vantanea compacta. A Attalea dubia é utilizada principalmente em dias de muito frio, vento forte ou neblina.

Macacos-pregos exercem funções ecológicas importantíssimas para a conservação dos ecossistemas e de inúmeras espécies animais e vegetais, pois possuem um papel importante na dispersão de sementes, Sem a ajuda deles, muitas espécies vegetais não seriam capazes de se reproduzir, pois cascas duras ou invólucros precisam ser retirados para que as sementes possam germinar.

Nesse contexto, destaca-se sua importância para as espécies vegetais que possuem frutos ou sementes grandes, pois, para o processamento destas, são necessários bicos e bocas grandes. Sem animais de grande porte, perderíamos muitas espécies dos estratos altos das florestas, pois existe uma correlação entre o porte da planta e o tamanho do fruto. Sem animais grandes, como os macacos-pregos, iremos perder grande parte das árvores dos estratos altos, as quais são as provedoras de sombra para os estratos mais baixos, o que irá resultar na perda adicional de muitas espécies de plantas que necessitam de sombra. As consequências certamente serão dramáticas, resultando em ecossistemas que diferem enormemente das florestas que conhecemos hoje em dia. Os macacos-pregos devem, portanto, serem considerados uma espécie-chave “mantenedora dos ecosistemas”.

Além disso, os macacos-pregos são muitas vezes acompanhados por animais terrestres ou aquáticos que se alimentam dos frutos ou itens alimentares que eles jogam no chão ou na água. Na floresta costumam ser seguidos por cotias e pacas e, quando se deslocam na beira de rios, já foram observados tendo a companhia de piraputangas.  E o mais interessante é o fato desses animais se nutrirem não somente de restos de comida dos macaccos-pregos, mas também de frutos jogados pelos macacos-pregos conscientemente  e de maneira direcionada na frente deles. Essa interação mostra a importância desses animais para outras espécies animais e reforça sua função como provedores de biomassa para o solo. E isso demonstra a necessidade de reavaliarmos os nossos julgamentos quanto a sua “agressividade”. Afinal, você já parou para pensar se não existe a possibilidade de que aqueles macacos “agressivos”, que atacam pessoas jogando frutos, na verdade estejam apenas compartilhando o seu alimento com os animais terrestres que não têm capacidade de subir nas copas das árvores?

 

 

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