6 PALMEIRAS NATIVAS PARA PROJETOS DE PAISAGISMO

Palmeiras são plantas que dão um toque de charme tropical a jardins, espaços urbanos, casas de praia, sítios ou fazendas. São plantas versáteis, que podem ser plantadas diretamente no solo ou em vasos. Normalmente são plantas que necessitam de pouca manutenção.

A grande maioria das plantas utilizadas no paisagismo no Brasil são de origem exótica. Um exemplo é a cidade de São Paulo, onde cerca 80 a 90 porcento das plantas usadas não são de origem nativa.

Estas espécies exóticas muitas vezes não são tão bem adaptadas as condiçoes edafo-climáticas locais, exigindo mais cuidados e dando mais trabalho de manutenção. Estas plantas muitas vezes necessitam de regas constantes ou levam a um uso excessivo de produtos químicos por serem mais acessíveis a pragas e doenças, o que acaba gerando problemas ecológicos desnecessários.

No Brasil existem mais de 300 espécies de palmeiras, mas infelizmente só pouquíssimas estão sendo utilizadas. Só na Mata Atlântica existem 77 espécies. A diversidade é enorme. Muitas são palmeiras de caule único visível, mas existem também espécies que formam touceiras e até algumas de caule não visível. Várias espécies gostam de um posicionamento a pleno sol, mas existem também as espécies típicas de subbosque que preferem uma meia-sombra.

Para incentivar o seu uso, queremos apresentar aqui algumas alternativas de palmeiras nativas muito robustas, as quais se destacam pela sua beleza e fácil manutenção.

MACAÚBA – ACROCOMIA ACULEATA

A macaúba é uma bela palmeira esguia de 10 a 15 metros de altura. Seu visual é muito parecido com coqueiros e o estipe é coberto de espinhos, razão pela é também chamada de „coco de espinho”.

A espécie ocorre naturalmente em florestas ciliares no fundo de vales e baixadas, sendo tolerante a inundações temporárias. Pose ser encontrada praticamente no Brasil todo.

Seus frutos são muito importantes para a nutrição de animais de grande porte como por exemplo antas, macacos-pregos, cotias, capivaras, emas, araras, tatu-peba e diversas espécies de aves grandes e suas flores atraem abelhas.

A polpa saborosa dos frutos de 3 a 5 centímetros e as amêndoas contidas no coquinho são comestíveis. Da polpa são feitos sucos e sorvetes e as sementes servem para a confecção de paçoca, cocada, farinha, bolos, doces e mingau. Os frutos servem para a produção de azeite. O palmito é considerado uma iguaría.

A macaúba necessita de sol pleno e solos férteis bem drenados para se desenvolver com todo esplendor, mas tolera vários tipos de solo. A macaúba não tolera solos permanentemente encharcados. Possui crescimento muito rápido e requer somente quantidades moderadas de água.Tolera secas e é resistente a fogos. É uma planta que requer pouca manutenção.

JUÇARA – EUTERPE EDULIS

A palmeira juçara é uma palmeira muito ornamental, de estipe e folhagem delicadas. É uma excellente opção para projetos paisagísticos urbanos, pois é uma palmeira que tolera bem a sombra entre os prédios. Além da sua beleza excepcional, ela é de grande importância para o suprimento da avifauna urbana, pois o arilo do seu fruto serve de alimento para diversas espécies de aves.

Seus belos frutos roxo escuros se destacam da folhagem verde e conferem a palmeira um belíssimo visual. Os frutos chegam a medir de 10 a 19 mm e sua polpa é comestível. O saboroso açaí produzido com a polpa é muito apreciado no Brasil e no exterior.

A juçara não deve faltar em projetos de restauração ecológica. Trata-se de uma espécie-chave para o suprimento da fauna. Suas flores são uma excelente fonte de néctar para abelhas e insetos. Osseus frutos oferecem alimento para macacos-prego, bugios, antas, queixadas, catetos, lobinhos-do-mato, traíras, quatis, cotias, caxinguêles, gambás, pequenos roedores, morcegos, tucanos, tucanos-de-bico preto, tucanos-de-bico-verde, araçari-poca, araçari-banana, araçari-de-bico-branco, jacutingas, jacus, gralhas-azuis e muitas espécies de aves pequenas.

A juçara prefere solo fértil e úmido e um posicionamento na meia-sombra. Tolera um posicionamento no sol contanto que haja umidade o suficiente no solo.

JERIVIVÁ – SYAGRUS ROMANZOFFIANA

O jerivá é uma bela palmeira de 7 a 15 metros de altura. Trata-se de uma espécie ornamental, muito utilizada na arborização de ruas e projetos paisagísticos em todo o país e no exterior. Suas belas inflorescências amarelo claras surgem o ano todo em forma de cachos pendentes. O jerivá é uma planta que necessita de poucos cuidados e a qual é muito resistente a condições ambientais adversas. Ela é uma ótima opção para quem quiser atrair pássaros para o seu jardim ou espaço verde.

A espécie ocorre naturalmente numa grande variedade de ambientes, como restingas, florestas montanas, cerradão, em regiões costeiras e ao longo de rios,  sendo tolerante a inundações temporárias. Resiste a geadas de até -10°C. Possui tolerância alta a ventos fortes. Não tolera o plantio em áreas permanentemente encharcadas.

Seus belos frutos laranjas chegam a medir 10 a 30 mm. Tanto a polpa, como as sementes encontradas dento dos coquinhos são comestíveis. A polpa pode ser consumida in natura ou ser utilzada para a produção de doces, geléias e sorvetes. As sementes possuem um sabor parecido com o de amendoim e podem ser utilizados para a produção de azeite. A palmeira leva de 5 a 6 anos até começar a produzir os frutos.

O jerivá é de extrema importância ecológica tanto nas áreas urbanas como também nas florestas e paisagens, pois os seus frutos nutrem inúmeras espécies animais e suas flores oferecem alimento para polinizadores como as abelhas. Trata-se de uma espécie-chave para o suprimento da fauna. Os frutos oferecem alimento para macacos-prego, macacos-prego-de-cresta, bugios-marrons, muriquis-do-sul, antas, queixadas, catetos, lobinhos-do-mato,graxains, traíras, quatis, cotias, caxinguêles, gambás, pequenos roedores, morcegos, tucanos-de-bico preto, tucanos-de-bico-verde, araçaris, jacus e muitas espécies de aves pequenas. Floresce e frutifica praticamente o ano todo, inclusive na estação seca, época de escassez natural de água e alimentos.

O jerivá tolera todos os tipos de solo e se desenvolve bem na meia-sombra ou a pleno sol. No entanto se desenvolve melhor em solos férteis e úmidos bem drenados, contendo muita matéria orgânica. Quando jovem, esta palmeira aprecia o sombreamento parcial.

GURIRI – ALLAGOPTERA ARENARIA

O guriri é uma belíssima palmeira acaule, muito indicada para ser usada em projetos paisagísticos. Vem sendo bastante empregada no paisagismo, principalmente em áreas litorâneas. Chega a ter uma altura de 2 a 3m e costuma formar conglomerados.

A velocidade de crescimento é lenta nos primeiros anos, mas acaba sendo moderaga a rápida após o estabelecimento da planta. Podem formar maciços se deixados por muito tempo num local. Necessita de poucos cuidados e é muito resistente a secas, vento e salinidade, sendo uma espécie muito indicada para ser utilizada nas regiões costeiras.

Ocorre naturalmente em solos arenosos de restingas, mas se adapta facilmente a todos os solos contanto que possuam boa drenabilidade. Resiste a geadas até -3°C. Plantas adultas toleram secas, salinidade e ventos fortes. É uma espécie resistente a fogo.

Os frutos são pequenos cocos de 13 a 25 mm que formam espigas. A polpa suculenta e fibrosa é comestível e muito indicada para consumo in natura ou cozida. Pode ser utilizada para a produção de geléias e molhos.

O guriri não deve faltar em projetos de restauração ecológica. Seus frutos servem de alimento para diversas espécies animais e suas flores oferecem néctar para polinizadores. Floresce e frutifica várias vezes ao ano. Suas folhas em formato de roseta ofereçem um ótimo abrigo para animais e debaixo de suas folhas ocorre acúmulo de matéria orgânica no solo, criando um ambiente perfeito para o estabelecimento de outras espécies. Pode ser utilizada para a proteção do solo, servindo como barreira contra o vento. Neste contexto pode ser utilizada para a fixação e proteção de dunas.

O guriri se desenvolve bem em todos os solos com boa drenabilidade, principalmente nos solos arenosos. Deve ser plantado a pleno sol. Se desenvolve melhor a pleno sol em solos férteis arenosos. Requer quantidades moderadas de água. É uma planta muito robusta, que tolera períodos de estiagem e requer pouca manutenção.

BUTIÁ – BUTIA CAPITATA

O butiá é uma linda palmeira de até 8 metros de altura. Seu porte arquitetônico e a bela textura do seu tronco lhe conferem um visual inconfundível.

A espécie ocorre naturalmente em áreas mais secas, sempre em solos bem drenados. Tolera secas e pode ser plantada no litoral.

Seus grandes frutos laranjas de cerca 35mm de diâmetro são comestíveis e muito apreciados. Podem ser consumidos in natura ou em forma de geléias, bolos ou molhos. As sementes são utilizadas para a produção de azeite e margarina.

É uma espécie que não deve faltar em projetos de restauração ecológica, pois os seus saborosos frutos servem de alimento para diversas espécies animais e as flores são muito procuradas por abelhas. Os seus frutos ofereçem alimento para macacos-prego, antas, veados, graxains, mãos-peladas, cotias, gambás e tucanos.

O butiá tolera o plantio na meia-sombra e a pleno sol. No entanto O se desenvolve melhor a pleno sol em solos férteis, úmidos e bem drenados em regiões com clima mais seco. Tolera o plantio em solos arenosos. É uma palmeira de crescimento lento.

INDAIÁ – ATTALEA DUBIA

O indaiá é uma belíssima palmeira de grande porte, que chega a ter uma altura de 25 metros. Como todas as Attaleas ela possui uma copa em formato de V e se destaca pelo estipe largo. É uma ótima opção para substituir as tamareiras exóticas.

A espécie ocorre naturalmente em florestas ombrófilas nas regiões costeiras onde existem solos bem drenáveis.

Os frutos de 3 a 4 centímetros de tamanho contém saborosas sementes comestíveis. Esta sementes medem até 25mm. Estas são muito indicadas para consumo in natura. Também a polpa é de ótimo sabor.

Na restauração ecológica, o indaiá exerce um papel fundamental no suprimento da fauna, pois seus grandes frutos altamente nutritivos servem de alimento para diversas espécies animais. Os frutos oferecem alimento para antas, macacos-prego, cotias, lobinhos-do-mato, caxinguêles, cuícas-de-quatro-olhos e aves.

O indaiá se desenvolve bem na meia-sombra ou a pleno sol. Necessita de solos férteis bem drenados. Se desenvolve melhor em solos férteis, úmidos e bem drenados, contendo muita matéria orgânica.