BUGIO-PRETO
ALOUATTA CARAYA

Pesofêmeas 4,3 - 5,1 kg
machos 6,4 - 7,7 kg
Tamanhofêmeas 45-50 cm
machos 50-65 cm
Habitatocorre na Argentina, Bolívia, Brasil e no Paraguai
pode ser encontrado tanto em ecossistemas abertos como o Cerrado, a Caatinga e o Chaco ou em florestas da Mata Atlântica.
prefere florestas de galeria, florestas estacionais semideciduais ou deciduais
Longevidade15 a 20 anos
Número de filhotes1 por ano
Alimentofolhas, frutos, sementes, castanhas, flores e galhos
Curiosidadesão importantes dispersores de sementes, de grande importância para a dispersão de frutos e sementes grandes

são importantes para a regeneração do solo, sendo fertilizadores e produtores de biomassa através de galhos e frutos que jogam no solo

Os bugios-pretos são primatas arborícolas, que vivem em grupos de 3 a 22 animais. São animais de hábitos diurnos, que se locomovem lentamente pelas floresta na busca por alimento. No entanto costumam passar grande parte do dia repousando em galhos largos de árvores grandes.

Podem ser encontrados no Brasil, na Argentina, no Paraguai e na Bolivia. Oocorrem primariamente em florestas de galeria, florestas estacionais semideciduais ou deciduais no Cerrado, na Caatinga e no Chaco. No entanto podem também ser encontrados em florestas estacionais semideciduais ou deciduais da Mata Atlântica.

Os bugios-pretos são animais de dieta primariamenbte folívora, mas eles se alimentam também de frutos, sementes, castanhas, flores e plantas aquáticas. Entre os frutos preferidos dos bugios-pretos estão frutos grandes suculentos como uvaias, cambucás, jabuticabas, figos, ingás , frutas de palmeiras como o butiá-da-serra, e castanhas como o baru.



OS FRUTOS PREFERIDOS DOS BUGIOS-PRETOS:  BARU |  FRUTO-DE-EMBAÚBA | UVAIA | JABUTICABA | ABIU-DE-CERRADO


Bugios-pretos exercem funções ecológicas importantíssimas para a conservação dos ecossistemas e de inúmeras espécies animais e vegetais, pois possuem um papel importante na dispersão de frutos e sementes. Sem a ajuda deles, muitas espécies vegetais não seriam capazes de se reproduzir, pois cascas duras ou invólucros precisam ser retirados para que as sementes possam germinar.

Nesse contexto, destaca-se sua importância para as espécies vegetais que possuem frutos ou sementes grandes, pois, para o processamento destas, são necessários bicos e bocas grandes. Sem animais de grande porte, perderíamos muitas espécies dos estratos altos das florestas, pois existe uma correlação entre o porte da planta e o tamanho do fruto. Sem animais grandes, como os bugios-pretos, iremos perder grande parte das árvores dos estratos altos, as quais são as provedoras de sombra para os estratos mais baixos, o que irá resultar na perda adicional de muitas espécies de plantas que necessitam de sombra. As consequências certamente serão dramáticas, resultando em ecossistemas que diferem enormemente das florestas que conhecemos hoje em dia. Os bugios-pretos devem, portanto, serem considerados uma espécie-chave “mantenedora dos ecossistemas”.

Adicionalmente, os bugios-pretos exercem um papel importante para a regeneração do solo. Além de adubar o solo com as suas fezes, também fornecem grandes quantidades de biomassa, pois possuem o hábito de jogar grande parte dos galhos ou frutos arrancados no solo, sem ingerí-los. Este material irá ser decomposto, ajudando a restituir a camada de húmus no solo, a qual é indispensável para garantir a sobrevivência de muitas espécies vegetais. A maior parte das plantas que evoluíram dentro de florestas tropicais se “especializaram” em solos férteis, úmidos e repletos de matéria orgânica e sobreviverão somente neste tipo de solo. Neste contexto, o material jogado no solo pelos bugios, irá ajudar a enriquecê-lo com nutrientes e material orgânico, o qual irá providenciar uma melhor abrsorção e retenção de água pelo solo, gerando o solo necessário para tantas espécies tropicais.

Além disso, os bugios-pretos influenciam de maneira significativa a taxa de germinação dos frutos e sementes ingeridas, sendo a sua presença nos ecossistema de grande importância para acelerar os processos de regeneração. Estudos cientíificos demonstraram que a taxa de germinação de frutos e sementes, que passaram pelo sistema digestório de animais, é muito mais alta comparada com sementes sem essa interação animal.

O processo de digestão possui ainda um outro papel importantíssimo. Este processo de digestão costuma eliminar a polpa e cobrir as sementes com os sucos gástricos e intestinais, dificultando o desenvolvimento de fungos. Este fato é importante para aumentar as chances de sobrevivência das espécies com longos períodos de germinação. Um exemplo são muitas espécies de palmeiras, as quais possuem períodos de germinação naturais de 12 a 24 meses. Sem a ação dos sucos gástricos e intestinais, estas sementes irão ser decompostas antes de chegarem ao ponto de germinação.

Embora possuam uma ampla distribuição geográfica, seu status de conservação é avaliado como “quase ameaçado” (NT) devido à perda e degradação de habitat. Infelizmente, os bugios-pretos são muito sensíveis ao vírus da febre amarela. O surto de febre amarela dos últimos anos reduziu o número de todas as espécies de bugios drasticamente. Os poucos animais sobreviventes muitas vezes foram mortos por pessoas que acreditavam que os bugios são os transmissores da doença, chegando a extinguir os animais em certas regiões. Neste contexto é importante ressaltar que os bugios não foram os causadores da doença, e sim a suas vítimas. O surto de febre amarela foi provavelmente a consequência de ações humanas, pois o rompimento da barragem de Mariana extinguiu todos os peixes de um rio muito extenso. Peixes se alimentam das larvas de mosquitos, sendo portanto importantes para reduzir as populações de mosquitos. Com a falta dos peixes, as populações de mosquitos “explodiram” causando surtos de doenças transmitidas por estes insetos.

 

 

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FOTOS DOS FRUTOS
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