LOBO-GUARÁ CHRYSOCYON BRACHYURUS

Peso20 - 23 kg
Tamanhoaltura 75 - 90 cm
comprimento 100 - 120 cm
cauda 38 - 59 cm
Habitatambientes de vegetação aberta como campos limpos, campos rupestres, cerrado e chaco
na Argentina, Brasil, Paraguai, Bolivia e Peru
Longevidade15 anos
Número de filhotes1 - 5 filhotes por ano
Alimentofrutos, capins, mamíferos, aves, répteis e insetos
Curiosidadesão importantes dispersores de frutos grandes em ambientes abertos

neste contexto são importantes para a restauração ecológica, pois são animais grandes que circulam em aéreas recentemente reflorestadas que aceleram os processos de regeneração através da dispersão de sementes

são importantes dispersores de microorganismos, contribuíndo desta maneira para a regeneração dos solos e um crescimento saudável das plantas, pois muitos destes microorganismos são importantes fornecedores de nutrientes para as plantas

Os lobos-guarás são os maiores canídeos da América do Sul, podendo chegar a uma altura de 115 cm. Seu corpo esgio, as pernas longas e finas, o pelo dourado e as orelhas enormes são as características marcantes destes mamíferos. E também a coloração tricolor do seu pelo acaba criando um visual inconfundível, pois os pelos das pernas e da crina são pretos, enquanto que os pelos do interior das orelhas, a parte anterior do pescoço e a ponta da cauda mostram um belo tom branco.

São animais solitários e de hábitos primariamente crepusculares, que se locomovem por grandes distâncias pelos seus territórios na busca por alimento. Numa única noite chegam a rodar 30 km! O tamanho dos seus territórios pode variar de acordo com a estação e disponibilidade de alimento, abrangendo de 40 a 120 km². São animais monogâmicos, que convivem com o parceiro somente durante o período da reprodução e criação dos filhotes. No resto do ano costumam dividir parte do território com o parceiro, mas sem que haja muita interação. Costumam marcar seu território com vocalizações, urina e fezes. A marcação se dá em lugares estratégicos que facilitam a dissipação de odores como no alto de cupinzeiros, árvores caídas ou rochas. Por sinal, o lobo-guará possui uma relação toda especial com os cupinzeiros, pois estes são também utilizados como mirantes, facilitando a defesa do território e a busca por presas. E os buracos nos cupinzeiros, criados por tatus, são muitas vezes utilizados para esconder os filhotes.

Ambos os pais cuidam dos filhotes, que nascem com pelo de cor cinza escura ou preta. Eles são amamentados por cerca quatro semanas. Após este período são alimentados por comida regurgitada pelos pais. Após o terceiro mês os filhotes começam a acompanhar a mãe enquanto ela forrageia. Os filhotes são escondidos em cavernas, cavidades em barrancos, moitas ou buracos em cupinzeiros. Infelizmente a mortalidade dos filhotes é alta.

O lobo-guará ocorre na Argentina, no Brasil, na Bolivia, no Peru e no Paraguay. Preferem ambientes abertos com vegetação composta por capins, vegetação arbustiva, árvores esparsas e áreas florestais de dossel não muito fechado. Por isto são encontrados principalmente no Cerrado, no Pampas e no Chaco. Raramente podem ser vistos na Mata Atlântica e no Pantanal ou em áreas de transição para os outros biomas.

Os lobos-guarás diferem muito de lobos, emboram seu nome passe a impressão de algum parentesco. Infelizmente o nome lhes conferiu má fama como animal perigoso e ladrão de galinhas. Na verdade são animais muito pacíficos, os quais preferem fugir quando se sentem ameaçados. Não uivam, sua vocalizacão sendo mais parecida com um latido de cachorros grandes.Também não formam alcatéias e não costumam caçar em grupo. Além disso são animais primariamente frugívoros. Infelizmente a má fama e a falta de conhecimentos acabam expondo os lobos-guarás á muitas agressões humanas, colocando em risco as chances de sobrevivência da espécie.

Os lobos-guará são uma espécie onívora, que se alimenta principalmente de frutos e pequeos mamíferos. Do seu cardápio fazem parte frutos, capins, pequenos roedores, tatus, gambás, lebres, cuicas, aves, peixes, répteis e insetos. São caçadores ágeis, possuíndo excelente audição, olfato e visão, os quase costumam pegar a presa através de um elegante pulo.  No entanto a sua dieta varia de acordo com a estação do ano e a disponibilidade de frutos. Na época de frutificação abundante costumam se alimentar primariamente de frutos, sendo os frutos de lobeiras e os frutos das palmeiras jerivás os itens alimentares mais procurados. Outros frutos preferidos dos lobos-guarás são frutos grandes e suculentos como annonas, gabirobas, araçás, abiús, figos e os frutos de palmeiras como o butiá-da-serra. No contexto de sua alimentação o que mais se destaca é o fruto de lobeira, que chega a compôr 30 a 50% de sua alimentação. Este possui um papel fundamental na alimentação e no suprimento com água dos lobos-guarás no inverno, época de escassez natural de alimento e água.

 



OS FRUTOS PREFERIDOS DOS LOBOS-GUARÁS:  GUABIROBA | FRUTO-DE-LOBEIRA | ABIÚ-DE-CERRADO | JERIVÁ | FRAMBOESA-SILVESTRE | MELANCIA-DO-CAMPO


 

Os lobos-guarás exercem funções ecológicas importantíssimas para a conservação dos ecossistemas e de inúmeras espécies animais e vegetais, pois possuem um papel importante na dispersão de frutos e sementes. Sem a ajuda deles, muitas espécies vegetais não seriam capazes de se reproduzir ou não seríam dispersas. Nesse contexto, destaca-se sua importância para as espécies vegetais que possuem frutos ou sementes grandes, pois, para o processamento destas, são necessários bicos e bocas grandes.

Além disso, os lobos-guarás influenciam de maneira significativa a taxa de germinação dos frutos e sementes ingeridas, sua presença nos ecosistemas sendo portanto de grande  importância para acelerar processos de regeneração. Estudos científicos demonstraram que a taxa de germinação de frutos e sementes, que passaram pelo sistema digestivo de animais, é muito mais alta comparada com sementes sem interação animal.

O processo de digestão possui ainda um outro papel importantíssimo. Este processo de digestão costuma eliminar a polpa e cobrir as sementes com os sucos gástricos e intestinais, dificultando o alojamento de fungos. Este fato é importante para aumentar as chances de sobrevivência das espécies com longos tempos de germinação. Um exemplo são muitas espécies de palmeiras, as quais possuem tempos de germinação naturais de 12 a 24 meses. Sem a ação dos sucos gástricos e intestinais, estas sementes irão ser decompostas antes de chegarem ao ponto de germinação.

Adicionalmente, os lobos-guarás exercem um papel importante para a regeneração do solo. Suas fezes ajudam a adubar o solo. Além de oferecer nutrientes, este material irá ser decomposto, ajudando a restituir a camada de húmus no solo, a qual é indispensável para garantir a sobrevivência de muitas espécies vegetais, pois este material orgânico também facilita a absorção e o armazenamento da água de chuva pelo solo.

Além disso devem ser considerados uma espécie-chave para a dispersão de microorganismos, os quais são indispensáveis para a regeneração dos solos e um crescimento saudável de plantas. Neste contexto os lobos-guarás se destacam,  já que ficam revirando o solo com as suas patas na busca por roedoes, levando solo e microorganismos grudados nas patas com eles quando seguem para outros lugares na busca por alimento. Todos os animais terrestres possuem esta função, mas aqueles que ficam revirando o solo certamente se destacam em relação à esta função.

Os lobos-guará podem ser de grande interesse para a restauração ecológica, por gostarem de circular em ambientes mais abertos e florestas de copas pouco fechadas. Neste contexto podem ser valiosos aliados como dispersores de sementes e frutos nas áreas recém-florestadas, ajudando a acelerar processos de regeneração e ampliação da biodiversidade.

Embora possuam um ampla distribuição geográfica, seu status de conservação é avaliado como “quase ameaçado” (NT) pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), devido á perda e degradação de habitat, caça, atropelamentos e zoonoses transmitidas por animais domésticos, principalmente por cães. Estima-se que ainda existam cerca de 23.000 animais na natureza.

 

 

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shutterstock_1956430342 – Tomas Hejlek

OUTRAS IMAGENS
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FOTOS DOS FRUTOS
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