Arbustos possuem um grande variedade de funções ecológicas importantíssimas, e por isto nao devem faltar em projetos de restauração ecológica, inclusive em projetos de restauração florestal.
Seguem algumas das funções ecológicas que são de grande importância para a sobrevivência de animais:
I – Arbustos fornecem abrigo ou local de descanso para animais terrestres.
Neste contexto se destacam as espécies de folhagem densa que protegem contra sol, chuva, vento e frio e as quais deixeam o animal invisível para possíveis predadores, inclusive o ser humano.
II – Arbustos oferecem espaço seguro para nidificação de animais.
Neste contexto se destacam as espécies de ramagem densa ou as espécies espinhentas, as quais dificultam o acesso de predadores.
III – Arbustos fornecem alimento em forma de frutos, flores ou folhas.
Neste contexto se destacam as espécies de frutos suculentos, os quais oferecem água e alimento e as espécies de frutos grandes, os quais são indispensáveis para a alimentação de animais grandes, que necessitam de grandes quantidades de alimento todos os dias.
IV – Arbustos promovem a migração de animais.
A maior parte dos animais silvestres não gosta de se expor em terreno aberto e prefere se locomover ao longo de vegetação alta.
Além disso, as espécies arbustivas também contribuem de maneira significativa para a regeneração e manutenção do solo:
I – Arbustos contribuem de maneira significativa para a regeneração do solo.
Muitas espécies arbustivas são ótimas produtoras de biomassa, disponibilizando material o qual irá disponibilizar nutrientes e recompôr a camada de húmus do solo. Neste contexto se destacam as espécies decíduas e aqueles que apresentam florada e frutificação abundantes. Além disso existem fabáceas que disponibilizam nitrogênio por se associarem à microorganismos produtores de nitrogênio.
II – Arbustos contribuem de maneira significativa para umidificação do solo.
O sistema radicular dos arbustos facilita a penetração da água de chuva no solo e ajuda a descompactá-lo, contribuíndo desta maneira para a umidificação do solo. Além disso, a folhagem densa contribui para manter a umidade do solo, barrando a ação do vento e criando sombra.
III – Arbustos funcionam como barra-vento anti-erosivo, segurando terra e água no local e limitando a lixiviação e erosão do solo.
O sistema radicular profundo dos arbustos limita processos erosivos e a folhagem densa limita a ação do vento, que leva o solo embora. Além disso, a maior umidade do solo também reduz a quantidade de solo que pode ser levada pelo vento.
Queremos apresentar aqui algumas espécies arbustivas, as quais produzem grandes quantias de flores e as quais são muito procuradas por polinizadores.Todas as espécies apresentadas se caracterizam por serem espécies multifuncionais, as quais possuem várias funções ecológicas, servindo como barra-vento, oferecendo alimento para polinizadores e animais dispersores de sementes, outras são excelentes fornecedoras de biomassa e algumas ajudam a fixar nitrogênio no solo.
ALAMANDA-AMARELA
ALLAMANDA CATHARTICA
Trata-se de uma espécie interessante para a restauração ecológica, pois funciona como repelente natural de insetos e pode ser utilizada para a produção de um inseticida natural. Além disso, deve ser considerada uma espécie-chave para o suprimento de polinizadores, pois floresce abundantemente o ano todo.
A alamanda-amarela pode ser plantada na meia-sombra ou a pleno sol, no entanto não floresce na meia-sombra. Tolera todos os solos, preferencialmente úmidos. Se desenvolve com todo esplendor em solos úmidos bem drenados, arenosos e férteis com muita matéria orgânica a pleno sol.
CALIANDRA-VERMELHA-DE-FOLHAS-FINÍSSIMAS
CALLIANDRA TWEEDII
As flores da caliandra-vermelha-de-folhas-finas oferecem alimento para polinizadores como abelhas, mamangavas, besouros, borboletas, mariposas, beija-flores e morcegos. Além disso, seu plantio representa uma excelente opção para acelerar processos de regeneração de solos, pois faz aliança com microorganismos fixadores de nitrogênio.
A caliandra-vermelha-de-folhas-finas deve ser plantada em solo fértil bem drenado, preferencialmente em solo areno-argiloso. A caliandra-vermelha-de-folhas-finas deve ser plantada sol pleno. Habitam naturalmente habita a orla da mata ciliar e margem dos cursos de água, sendo resistente às correntezas das águas durante as enchentes.
ORA-PRO-NOBIS
PERESKIA GRANDIFOLIA
Suas flores oferecem alimento para polinizadores como borboletas e beija-flores. A ora-pro-nobis-arbórea resiste a baixas temperaturas (até –6°C) e é muito resistente à seca. No entanto não tolera inundações constantes.
A ora-pro-nobis-arbórea tolera quase todos os solos, inclusive aqueles de constituição arenosa ou argilosa e secos. Se desenvolve com todo esplendor em solos férteis, úmidos e bem drenados a pleno sol ou na meia-sombra. Necessita de solos constantemente úmidos.
FEDEGOSO-GIGANTE
SENNA ALATA
O fedegoso-gigante deve ser considerado uma espécie-chave para a alimentação de polinizadores, pois floresce e frutifica praticamente o ano todo. As flores do fedegoso-gigante são muito procuradas por abelhas.
O fedegoso-gigante prefere solo úmido, mas bem drenado em uma posição ensolarada. Cresce bem em solos arenosos, ácidos a ligeiramente alcalinos e bem drenados. É uma espécie de fácil cultivo que requer moderada manutenção. Basta adubar duas vezes ao ano com material orgânico.
ORA-PRO-NOBIS-TREPADEIRA
PERESKIA ACULEATA
A ora-pro-nobis não deve faltar em projetos de restauração ecológica, já que deve ser considerada uma espécie-chave para o suprimento da fauna e polinizadores. Oferece alimento para uma grande diversidade de polinizadores como abelhas, vespas, formigas, besouros, mariposas, borboletas e moscas. Portanto é um excelente opção para wildlifehedges e corredores ecológicos.
A ora-pro-nobis se desenvolve bem na meia-sombra ou a pleno sol. Tolera todos os solos bem drenados, mas se desenvolve melhor em solo fértil bem drenado e rico em matéria orgânica.Tolera secas e geadas até – 3°C. Pode ser plantada desde o nível do mar até 1100 metros de altitude.
MARICÁ
MIMOSA BIMUCRONATA
O maricá deve ser considerado uma espécie-chave para a alimentação de polinizadores. Trata-se de uma espécie apícola, muito procurada por insetos. É espécie melhoradora de solos, sendo recomendada para controle de processos erosivos e para plantio em terrenos sujeitos a inundações periódicas.
O maricá tolera quase todos os solos, mas prefere solos brejosos e úmidos. Se desenvolve com todo esplendor a sol pleno em solos férteis, úmidos e bem drenados. O maricá é particularmente adaptado a solos arenosos encharcados e mal drenados. O plantio a pleno sol é recomendado, já que é uma espécie pioneira de terrenos abertos.