CAGAITA – EUGENIA DYSENTERICA (MART.) DC.
| DESCRIÇÃO |
A cagaita é uma árvore ou arbusto de altura mediana, alcançando entre 3 a 14 metros, com copa densa, de formato variado, de 2 a 4 metros de diâmetro. A espécie é perene, decídua, heliófita e seletiva xerófila, com tronco e ramos tortuosos, medindo 20 a 35 cm de diâmetro, possuindo uma casca suberosa e fissurada, de coloração parda ou castanha.
| PAISAGISMO |
A cagaita possui floração sincronizada, com todas as flores brancas abertas em período menor que três semanas, coincidindo com a brotação marrom-avermelhada de suas folhas, conferindo à planta um belo efeito ornamental, destacando-se na paisagem.
Durante o período de frutificação, um amarelo intenso e vibrante contagia a paisagem.
As sementes da cagaita possuem viabilidade curta em condições naturais, sendo menor que 50 dias.
A germinação ocorre em 40 a 60 dias após a semeadura, com percentual de 70% de germinação.
Na fase inicial de desenvolvimento, a cagaita apresenta uma maior porcentagem de biomassa alocada no sistema radicular em relação à parte aérea, sendo uma características das espécies arbóreas de cerrado.
A muda advinda de sementes inicia a frutificação a partir do quarto ou quinto ano de idade.
A produção de frutos aumenta com a idade da planta.
| REQUERIMENTOS |
As cagaitas parecem estar associadas a solos com baixa fertilidade. Prevalecem em áreas de latossolo vermelho-amarelo que são relativamente pobres. Em geral, estão dispersas em solo com baixa fertilidade, mas ricos em ferro.
Pode ser cultivada a pleno sol.
É frequente em regiões com temperaturas médias anuais entre 21,1°C e 25,5 °C e altitudes de 380 a 1100 m.
| MANUTENÇÃO |
Quando plantada em praças e parques deve-se tomar o cuidado com seus frutos caídos, pois se consumidos em excesso tem efeito laxativo e se fermentados ao sol além de aumentar o efeito laxante podem causar leve embriaguez.
| FRUTOS E SEMENTES |
Os frutos da cagaita são bagas globosas, com uma casca delgada, suculentos, de coloração amarelo-citrino quando maduros, de sabor agradável a levemente ácido, com peso variando entre 14 a 20 g, comprimento de 3 a 4 cm e 3 a 5 cm de diâmetro.
Cada fruto possui de 1 a 4 sementes, elipsoides e achatadas, com cerca de 1 a 1,5 cm de comprimento, de cor creme e com peso médio de 1,3 g, podendo chegar até a 3,58 g.
| COMESTIBILIDADE |
Os frutos da cagaita são consumidos in natura ou processados na forma de sorvetes, geleias, sucos, licores, doces e até em alimentos salgados.
A cagaita é rica em vitamina C e antioxidantes. A polpa, com ou sem a casca, é energética, com baixo teor calórico.
Apesar do agradável sabor e textura macia, a cagaita deve ser consumida observando alguns cuidados. Isso porque o fruto, se consumido aquecido pelo sol e em grande quantidade, tem um forte efeito laxativo, tanto que os nomes popular e científico lembram esta característica.
| OCORRÊNCIA NATURAL |
A cagaita é nativa e endêmica do Brasil, com populações representadas em formações de cerrado stricto sensu, cerradão e campo, estando adaptada a solos pobres.
| RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA |
Pelas características de ocorrência da cagaita, ela pode ser considerada como planta indicadora de solos com menor disponibilidade de água e baixa fertilidade.
A cagaita apresenta bom incremento em diâmetro, podendo ser sugerida para recuperação ambiental ou manejo com fins de produção.
As flores da cagaita são apícolas.
A frutificação é abundante, sendo que cada árvore produz de 500 a 2000 frutos, que são atrativos para a fauna silvestre.
A cagaita possui grande resistência ao fogo, provavelmente, por estar com poucas folhas na época de maior incidência de queimadas, além de apresentar casca espessa e suberosa.
A cagaita foi encontrada em regiões contaminadas com metais pesados e em áreas de efluentes de mineração e de indústrias, podendo ser empregada na fitorremediação.
A espécie não foi avaliada quanto à sua categoria de ameaça (NE).
| CONSERVAÇÃO |
A cagaita é uma espécie apícola, polinizada por mamangavas e outras abelhas.
Os frutos da cagaita são carnosos e atraem aves, macacos e morcegos.
| POLINIZAÇÃO |
A polinização da cagaita é realizada preferencialmente por abelhas mamangavas: mamangava-preta (Bombus atratus) e mamangava-de-chão (Bombus morio), dentre outras abelhas dos gêneros Ceratina, Melipona, Scaptotrigona e Trigona.
| DISPERSÃO |
Zoocórica.
| DISPERSORES |
A cagaita tem suas sementes dispersas por aves, saguis, macacos e morcegos.
| UTILIDADE I |
A espécie possui uso medicinal.
| UTILIDADE II |
Os frutos da cagaita, quando fermentados, dão origem a álcool e vinagre.
| MADEIRA |
A madeira da cagaita é pesada, com densidade de 0,82 g cm-2, dura e de textura fina a média, sendo caracterizada como uma madeira de baixa resistência e com uma durabilidade moderada. Apresenta considerável quantidade de súber, com espessura de 1,0 a 2,0 cm, sendo empregada na indústria de cortiça.
A madeira da cagaita é utilizada também em pequenas construções, produção de móveis rústicos e para lenha e carvão.
| NOMES COMUNS|
A espécie possui os seguintes nomes comuns: cagaiteira, uvalha-do-cerrado.