JAGUATIRICA
LEOPARDUS PARDALIS


Pesoaté 8 - 15 kg
Tamanhoaltura | até 50 cm
comprimento | 120 -150 cm
Habitatflorestas, cerrado, campos rupestres e pântanos
América do Sul exceto o Chile, América Central e Estados Unidos
Longevidade20 - 28 anos
Número de filhotes1 - 3 filhotes por ano
Alimentomamíferos, aves, peixes e cobras
Superpoderessão megaatletas superágeis no solo, capazes de nadar e escalar árvores

Jaguatiricas são felinos de beleza extraordinária. O design espetacular de seu pelo realmente lhes confere um charme singular. Manchas pretas se destacam de um fundo branco e dourado, criando um visual único. No dorso as manchas se fundem, criando listras que vão desde os olhos até a cauda. Além disso elas possuem duas listras características nos lados da face, uma delas começando no canto dos olhos e uma atravessando as “bochechas”. Este visual lhes oferece uma camuflagem perfeita no meio da folhagem das florestas. É fácil distinguí-las de outros felinos pequenos pela pequena mancha branca na parte traseira das orelhas.

As jaguatiricas são animais de hábitos noturnos, que se locomovem agilmente pelo solo, em árvores e na água. Elas passam o dia descansando no topo de árvores, em cavernas rochosas, em ocos de árvores ou embaixo de arbustos de folhagem densa e saem dos seus esconderijos assim que anoitece. Numa única noite chegam a rodar 2 a 7 kilomêtros na procura por alimentos. Caçam suas presas com grande agilidade e na lista das suas presas constam mamíferos (pequenos roedores, cutias, macacos, capivaras, tamanduás, preguiças e até veados…), anfíbios, peixes e às vezes aves ou cobras. Mesmo possuindo grandes habilidades em escalar árvores e em nadar, elas preferem caçar em terra firme, sendo os roedores seu alimento preferido.

Devido à sua preferência por roedores, as  jaguatiricas possuem um papel ecológico importantíssimo em relação ao equilíbrio ecológico e à capacidade de autorregeneração dos ecosistemas. Isto se deve ao fato de roedores serem predadores de sementes e a presença destes reduzir o número de sementes que possam germinar e gerar plântulas. A falta de animais de médio e grande porte nos ecossistemas, inclusive das espécies predadoras de pequenos roedores,  geralmente leva a um aumento das populações de roedores, comprometendo a capacidade de autoregeneração dos ecossistemas. Neste contexto as jaguatiricas devem ser consideradas grandes aliadas para a preservação de florestas e também o equilíbrio ecológico de áreas de plantio ou restauração recentes.

Além disso devem ser considerados uma espécie importante para a dispersão de microorganismos, os quais são indispensáveis para a regeneração dos solos e um crescimento saudável de plantas. Neste contexto as jaguatiricas se destacam,  já que ficam rodando por grandes distâncias, levando com elas o solo e microorganismos grudados nas patas. Todos os animais terrestres possuem esta função, mas aqueles que circulam por grandes distâncias certamente se destacam em relação à esta função.

Jaguatiricas são animais muito territorialistas. Geralmente não toleram outros caçadores em seu território. Elas costumam marcar seu território com urina, fezes e marcas feitas com suas garras afiadas. A fêmea tolera o macho dentro do seu território somente durante a fase do acasalamento. Os filhotes são criados pelas fêmeas.

Infelizmente a beleza das jaguatiricas as torna alvo da cobiça humana. As jaguatiricas são muito caçadas, não somente por conta do comércio ilegal de peles, mas também para serem vendidas como animais de estimação. Além disso são também ameaçadas pela destruição e degradação do seu habitat.

De 1960 a 1975 cerca de 200.000 jaguatiricas foram mortas anualmente para suprir a demanda da indústria de peles. Estima-se que no Brasil 80.000 peles de jaguatiricas eram exportadas anualmente. Atualmente seu número está bastante reduzido. Estima-se que hoje a população de jaguatiricas no mundo todo esteja reduzida para 1,5-3 milhões de animais. Mesmo assim seu status de conservação é avaliado como pouco preocupante (LC) pela IUCN (União International para a Conservação da Natureza). Hoje as populações estão em declínio em toda a sua distribuição e a principal ameaça a este felino é a perda de habitat.

 

O que você pode contribuir para melhorar as chances de sobrevivência das jaguatiricas?

  • respeite os animais ao encontrá-los, mantendo distância e não avançando para tocá-los ou alimentá-los
  • ao encontrá-las, lembre-se dos três gestos de cordialidade para encontros com animais:
    • vire o corpo de lado para mostrar que você está vindo em paz e não pretende atacá-los, pois uma posição frontal pode ser intepretada como intenção de ataque
    • recue alguns passos para mostrar que realmente não existe nenhuma intenção de ataque
    • não olhe para o animal de olho arregalado e sem parar. Baixe os olhos regularmente ou olhe para o lado de tempo em tempo para sinalizar que você não pretende atacar. Lembre-se que “fixar” a presa é comportamento de predador e este tipo de olhar pode ser interprtado como intenção de ataque!
  • nunca alimente animais, a não ser que estejam feridos ou doentes, pois animais que se habituam a serem alimentados por humanos, acabam virando uma presa fácil para caçadores ou tráfico de animais!
  • ajude a criar reservas particulares, onde as jaguatiricas possam viver em paz e protegidas de agressões humanas
  • crie abrigos em sítios,  fazendas ou casas de praia, utilizando materiais naturais  – neles as jaguaturicas poderão se proteger de sol, calor, chuva, vento ou frio
  • coloque plataformas em árvores ou em cima de tocos largos de árvores
  • plante espécies arbustivas de folhagem densa, os quais irão ofereçer abrigo para os animais
  • não utilize raticidas, os quais irão envenenar as jaguatiricas, que se alimentam de roedores
  • dirija devagar e com cautela em florestas ou áreas de vegetação que não permitem avistar animais se aproximando das pistas, não passando de uma velocidade de 70km/h
  • crie o hábito de colecionar lixo regularmente nas áreas naturais onde você gosta de passear – assim se reduz o risco de ferimentos ou envenenamentos de animais silvestres, contribuíndo para criar um habitat seguro para os animais
  • facilite o acesso à água limpa para animais silvestres, criando lagos ecológicos e nunca esqueçendo de criar acessos rasos em rios
  • evite utilizar arame farpado para cercar APPs ou propriedades, pois qualquer ferida traz o risco de infecção e poderá ser letal para animais!
  • se locomova de maneira silenciosa na natureza, pois gritos e barulho podem assustar animais. Animais que saem correndo em disparada devido ao susto, muitas vezes acabam se ferindo me galhos e espinhos ou machucando as patas ao pisar em buracos ou rachaduras no solo. Isto pode ser letal! Andar em silêncio pelas matas é certamente uma das maneiras mais valiosas de expressar o teu respeito e amor pelos animais!

 

SUGESTÕES PARA RESTAURADORES ECOLÓGICOS E PROTETORES DE ANIMAIS

Se quisermos aumentar as chances de sobrevivência das jaguatiricas, precisamos providenciar alimento, água e abrigo para elas, protegê-las de agressões humanas, de doenças e do trânsito.

Grandes florestas bem conservadas costumam oferecer tudo isto, mas infelizmente as áreas recentemente reflorestadas e muitos remanescentes não conseguem providenciar o necessário. As áreas reflorestadas e muitos remanescentes muitas vezes são pequenos demais para sustentar animais de grande porte. Faltam abrigos naturais como ocos em árvores, cavidades naturais, arbustivas de folhagem densa, ou árvores de galhos largos horizontais onde os animais possam se proteger de sol, chuva, frio, ventos fortes e predadores. E muitas vezes não existem fontes de água limpa, as quais podem ser facilmente acessadas. As jaguatiricas precisam beber grandes quantidades de água todos os dias, assim como todos os felinos. Por esta razão elas acabam se expondo à diversos riscos, na tentativa de suprir a demanda de água. Elas correm o risco de sofrerem envenamentos ou de pegarem doenças bebendo água contaminada ou acabam se expondo ao ser humano, se aproximando de habitações humanas ou atravessando estradas perigosas.

Então a questão é o que podemos fazer para amenizar estes problemas e de aumentar as chances de sobrevivência das jaguatiricas?

FORNEÇA ÁGUA LIMPA

  • Facilite o acesso à água limpa para animais silvestres, criando lagos ecológicos e nunca esqueçendo de criar acessos rasos em rios – água limpa é um pré-requisito para a permanência e sobrevivência dos animais a longo prazo.
  • Crie laginhos ecológicos com plantas aquáticas e animais controladores de mosquitos ou algas para evitar que estes espaços virem criadouros de mosquitos!
  • Crie áreas de água rasa de várias profundidades ou uma rampa nas bordas de rios ou lagos para que animais de diferentes tamanhos possam tomar banho ali. Estes banhos são de grande importância para a saúde dos animais, pois ajudam a retirar parasitas e agentes patológicos! E estas rampas também são importantes para animais que gostam de sair da água para tomar sol e repousar, como é o caso de jacarés, tartarugas aquáticas e capivaras.
  • Crie um sistema de drenagem que direcione a água de chuva para estes reservatórios. Veja o blog e o vídeo com a instrução detalhada de como implementar sistemas de drenagem e de construção de lagos ecológicos que postamos nos BLOGS e VÌDEOS!
  • Instale tigelas de barro rasas nas copas das árvores e no solo. As tigelas precisam ser rasas para que a água possa evaporar rapidamente. evitando que as tigelas sirvam de berçário para mosquitos.

FORNEÇA ABRIGO

  • Animais também adoecem quando ficam expostos a muito sol, chuva, frio ou vento. Sem abrigos os animais provavelmente não irão permanecer no local ou irão correr o risco de ficarem doentes.
  • A solução é fornecer abrigos no solo e principalmente no topo de árvores.
  • Plante espécies de árvores de copa larga e que irão desenvolver galhos largos horizontais como chichá-de-cerrado (Sterculia apetala), tamboril (Enterolobium contortisiliquum), jatobá (Hymenaea courbaril), copaíba (copaifera langsdorffii), pau-de-tucano (Citharexylum myryanthum) e figueiras (Ficus enormis, Ficus gomelleira, Ficus guarantica, Ficus eximia, Ficus luschnatiana…).
  • Instale plataformas no alto das copas de árvores pioneiras, enquanto ainda não houver árvores de galhos largos horizontais nos plantios mais recentes.
  •  Ultilize somente materiais naturais não-tóxicos! Caso ultilize madeira, utilize somente espécies não-tóxicas e sem látex! Jamais ultilize madeira proveniente de pallets, já que estes são impregnados com inseticidas altamente tóxicos! Também evite ultilizar madeiras tratadas com vernizes ou tintas, já que estas podem afetar negativamente a saúde dos animais.

 

 

 

 

 

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